quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

NÍVEIS DE APRENDIZAGEM

PRIMEIRO NÍVEL → PRÉ-SILÁBICO I

NESSE NÍVEL O ALUNO PENSA QUE SE ESCREVE COM DESENHOS. AS LETRAS NÃO QUEREM DIZER NADA PARA ELE. A PROFESSORA PEDE QUE ELE ESCREVA “BOLA”, POR EXEMPLO, E ELE DESENHA UMA BOLA. A PROFESSORA PEDE QUE ELE ESCREVA “CACHORRO” E ELE DESENHA UM CACHORRO.


O ALUNO JÁ SABE QUE NÃO SE ESCREVE COM DESENHOS. ELE JÁ USA LETRAS OU, SE NÃO CONHECE NENHUMA, USA ALGUM TIPO DE SINAL OU RABISCO QUE LEMBRE LETRAS.

NESSE NÍVEL O ALUNO AINDA NEM DESCONFIA QUE AS LETRAS POSSAM TER QUALQUER RELAÇÃO COM OS SONS DA FALA. ELE SÓ SABE QUE SE ESCREVE COM SÍMBOLOS, MAS NÃO RELACIONA ESSES SÍMBOLOS COM A LÍNGUA ORAL. ACHA QUE COISAS GRANDES DEVEM TER NOMES COM MUITAS LETRAS E COISAS PEQUENAS DEVEM TER NOMES COM POUCAS LETRAS. ACREDITA QUE PARA QUE UMA ESCRITA POSSA SER LIDA DEVE TER PELO MENOS TRÊS SÍMBOLOS. CASO CONTRÁRIO, PARA ELE, “NÃO É PALAVRA, É PURA LETRA”.



TERCEIRO NÍVEL → SILÁBICO

O ALUNO DESCOBRIU QUE AS LETRAS REPRESENTAM OS SONS DA FALA, MAS PENSA QUE CADA LETRA É UMA SÍLABA ORAL. SE ALGUÉM LHE PERGUNTA QUANTAS LETRAS É PRECISO PARA ESCREVER “CABEÇA”, POR EXEMPLO, ELE REPETE A PALAVRA PARA SI MESMO, DEVAGAR, CONTANDO AS SÍLABAS ORAIS E RESPONDE: TRÊS, UMA PARA “CA”, UMA PARA “BE” E UMA PARA “ÇA”


QUARTO NÍVEL → ALFABÉTICO

O ALUNO COMPREENDEU COMO SE ESCREVE USANDO AS LETRAS DO ALFABETO. DESCOBRIU QUE CADA LETRA REPRESENTA UM SOM DA FALA E QUE É PRECISO JUNTÁ-LAS DE UM JEITO QUE FORMEM SÍLABAS DE PALAVRAS DE NOSSA LÍNGUA.


TRABALHANDO COM LETRAS, PALAVRAS E TEXTOS



No trabalho em classes de alfabetização não existe uma ordem fixa em que as coisas têm de ser feitas. Os alunos não aprendem aos pedaços, um item depois do outro, do mais fácil para o mais difícil. Pelo contrário, eles aprendem fazendo muitas relações entre tudo o que faz parte do que chamamos de campo conceitual da alfabetização. O que vem a ser isso? É um conjunto de situações que dão sentido aos atos de escrever eler. Por isso eles aprendem escrevendo e lendo. Para que isso aconteça, o professor deve propor diariamente atividades que envolvam letras, palavras e textos. Não pode se enganar achando que se está trabalhando com textos já está naturalmente trabalhando com palavras e letras.

Durante o processo de alfabetização o professor competente em criar situações didáticas que permitam aos seus alunos pensar sobre a escrita deve estar atento às especificidades do trabalho com letras, com palavras e com textos. Seus objetivos para os três não são os mesmos e todos são igualmente importantes.



PARA O ALUNO PRÉ-SILÁBICO

v Associar palavras e objetos;

v Memorizar palavras globalmente;

v Analisar palavras quanto ao número de letras, inicial e final;

v Distinguir letras e números;

v Reconhecer as letras do alfabeto (cursiva e bastão);

v Familiarizar-se com os aspectos sonoros das letras através das iniciais de palavras significativas;

v Relacionar discurso oral e texto escrito;

v Distinguir imagem de escrita;

v Observar a orientação espacial dos textos;

v Produzir textos pré-silabicamente;

v Ouvir e compreender histórias;

v Identificar letras e palavras em textos de conteúdo conhecido.





PARA O ALUNO SILÁBICO

v Reconhecer a primeira letra das palavras no contexto da sílaba inicial;

v Comparar palavras memorizadas globalmente com a hipótese silábica;

v Contar o número de letra das palavras;

v Desmembrar oralmente as palavras em suas sílabas;

v Reconhecer o som das letras pela análise da primeira sílaba das palavras;

v Reconhecer a forma e as posições dos dois tipos de letras: cursiva e maiúscula;

v Identificar palavras em textos de conteúdo conhecido (qualquer tipo de palavra);

v Produzir textos silabicamente;

v Ouvir e compreender histórias;

v Completar palavras com as letras que faltam (observando que o número de letras presentes exceda sempre o número de sílabas da palavra).





PARA O ALUNO ALFABÉTICO

v Compor palavras com sílabas;

v Decompor palavras em suas sílabas;

v Produzir textos alfabeticamente;

v Ler textos de seu nível;

v Completar palavras com as sílabas que faltam;

v Observar a segmentação entre as palavras no texto;

v Observar os sinais de pontuação;

v Ouvir e compreender histórias;

v Completar textos com palavras;

v Construir frases com palavras dadas.


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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pressão pela alfabetização


Prova nacional para crianças do primeiro ciclo do ensino fundamental preocupa especialistas; eles temem que uma ênfase na medição possa mecanizar o processo e levar ao ranqueamento das escolas


Rodnei Corsini
 
Focar excessivamente o teste e prejudicar o processo de aprendizagem. Essa pode ser uma das consequências de avaliações de alfabetização aplicadas em larga escala e uma das preocupações entre especialistas em relação à Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), prova do governo federal a ser aplicada, a partir deste ano, para os alunos do 3o ano do ensino fundamental da rede pública. A ANA será feita anualmente, perto do fim do período letivo, de modo censitário.
As preocupações entre especialistas são muitas. O professor da Faculdade de Educação da Unicamp, Luiz Carlos de Freitas, teme que a ANA contribua para a pressão contra escolas, professores e alunos. "Vai aumentar a prescrição de materiais apostilados, desqualificando-se cada vez mais os profissionais que, em vez de exercitarem a reflexão sobre a sua prática pedagógica, serão instados a seguir receitas", acredita. Para ele, avaliações de larga escala não necessitam ser censitárias e nem anuais. "O que tem influenciado a existência de avaliações censitárias é a ideia de responsabilizar o professor e a escola individualmente. Essa 'auditoria' permanente é que exige esse modelo", afirma.

Choro e cobrança
João Luiz Horta Neto, pesquisador do Inep e doutor em política social, admite que dependendo da forma como se implementam os testes para avaliação, os professores podem se sentir pressionados a dar um foco excessivo no trabalho para o bom desempenho dos alunos - mas um bom resultado no teste não significa, necessariamente, que o processo educacional esteja acontecendo como deveria.
Ele descreve o cenário que presenciou quando acompanhou a aplicação de testes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - Provinha Brasil e Prova Brasil - em vários anos escolares. Segundo ele, nos anos iniciais as crianças chegam a chorar quando não conseguem resolver todas as questões no tempo estipulado. "Você percebe que o ambiente fica tenso e a criança se cobra muito - e não sabemos se no momento anterior houve pressão da escola, da família e do professor", relata.
A pesquisadora da coordenação geral de estudos educacionais da Fundação Joaquim Nabuco, Patrícia Simões, teme que esse tipo de avaliação tenha um efeito de pressão indesejada também sobre o currículo escolar. Em busca de obter bons resultados, os professores podem ser induzidos a montar aulas de "treinamento" para a prova. "E isso traz muitos danos para o processo de aquisição da linguagem escrita do aluno", diz Patrícia.
ANA x Provinha BrasilPor outro lado, para medir a alfabetização - e mesmo que não houvesse uma meta definida de "idade certa" para esse processo -, não há como escapar das séries iniciais do ensino fundamental. A ANA está aliada ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), que tem como meta a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade, ao final do 3º ano do EF. Ana Paula Ribeiro, professora adjunta do Departamento de Teoria e Prática do Ensino da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora adjunta do Pnaic no Estado, defende que quanto mais cedo, melhor.
Matriz desconhecida
"Os modelos de avaliação da Educação Básica que existem hoje realizam avaliações ao final do 5º ano. Os problemas detectados nessa avaliação dificilmente são sanáveis àquela altura. Quanto mais cedo os alunos forem avaliados, maiores serão as chances de terem garantidos os seus direitos de aprendizagem", diz Ana Paula, referindo-se à Prova Brasil aplicada no 5o ano.
Com a ANA, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) passa a ser composto pela Avaliação Nacional de Rendimento Escolar (Anresc ou Prova Brasil), pela Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e pela ANA. A nova avaliação foi decretada em junho, em duas portarias (do Ministério da Educação e do Inep) publicadas no Diário Oficial da União. A avaliação vai testar conhecimentos em leitura, escrita e matemática e será aplicada de maneira censitária para as turmas regulares e de forma amostral para turmas multisseriadas. A matriz de referência da ANA, segundo o Inep, será disponibilizada em breve, mas o Instituto informou que não há data definida para isso.
Para avaliar a alfabetização nos primeiros anos do ensino fundamental, o Saeb já contava com a Provinha Brasil, uma avaliação diagnóstica aplicada em duas etapas (no início e no fim do ano letivo) para os alunos do 2o ano. Segundo o Inep, a prova não sofrerá alterações. De acordo com o órgão, a ANA foi criada para "avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência" do ciclo de alfabetização das redes públicas. Já a Provinha Brasil é um instrumento disponibilizado para o professor, com caráter diagnóstico de sua turma.
Integrada ao Saeb e aplicada desde 2008 para os alunos do 2o ano, a Provinha Brasil parece dividir opiniões. Para o professor Luiz Carlos de Freitas, da Unicamp, a avaliação foi eficiente em evitar o ranqueamento e a pressão sobre o docente. "A prova vai direto ao pedagógico, ao diagnóstico, provendo o professor de informações sobre seus estudantes", diz. Já a pesquisadora da coordenação geral de estudos educacionais da Fundação Joaquim Nabuco, Patrícia Simões, acredita que, para o professor, a avaliação externa nem sempre é considerada melhor do que aquela desenvolvida no processo de ensino. "Os professores não utilizam os resultados das avaliações para repensar suas práticas pedagógicas. As provas são aplicadas como uma atividade obrigatória que deve ser cumprida por ser uma demanda do MEC, ou das secretarias estaduais ou municipais de educação", avalia Patrícia.
O que avaliar
Um dos maiores desafios no caso da avaliação nessa etapa é como medir o processo de alfabetização. Como os alunos aprendem em ritmos diferentes corre-se o risco de fazer a medição na prova em um momento em que o processo do aprendizado não está concluído. "A avaliação já é feita com a Provinha Brasil em dois momentos do 2o ano e, agora, com a ANA no 3o ano de escolaridade. Com isso, que tipo de mensagem é passada para a escola? 'Professores, vocês têm de se preparar para o teste porque é ele que vai dizer se a criança está alfabetizada ou não'", diz João Luiz Horta Neto, do Inep.
Outra questão a ser considerada é qual será o conceito norteador da avaliação das habilidades de leitura e escrita. "Diferentes definições levam a diferentes indicadores, diferentes matrizes e diferentes itens nos instrumentos de avaliação", diz Patrícia Simões. Alguns testes avaliam competências associadas a elementos importantes da alfabetização, como habilidades consideradas periféricas à leitura.
A falta de informação sobre as matrizes de referência da ANA gera incertezas sobre qual conceito prevalecerá. Patrícia lembra que em documentos do MEC, como os Parâmetros Curriculares Nacionais e os cadernos de orientação dos avaliadores da Provinha Brasil, são utilizados os termos "alfabetização" e "letramento". "Mas, ao se analisar o instrumento da Provinha Brasil observa-se uma ênfase na avaliação de habilidades de domínio do código escrito", diz Patrícia. "Como consequência, a proposta de classificação dos níveis de desenvolvimento da linguagem escrita apresentada para a Provinha Brasil parece confusa. Priorizam a avaliação das habilidades de decodificação e identificação de letras, sílabas e palavras em detrimento do conhecimento de gêneros textuais e funções da linguagem escrita", completa.
Como usar os resultados
Para Gisele Carvalho, pedagoga e mestra em educação na área de Avaliação e Políticas Públicas pela Universidade Federal de São João del-Rei (MG), o potencial de informação que avaliações em larga escala produzem é muito importante para auxiliar governos, escolas e professores a planejarem suas ações. "Tais informações permitem identificar necessidades de aprendizagem e de investimentos diversos. Os efeitos desse tipo de avaliação são múltiplos, embora dependam não só dos usos pedagógicos, mas também dos usos políticos dos resultados e informações coletados", diz. "Cabe às escolas aplicá-la, corrigi-la e utilizar pedagogicamente os resultados - este último, julgo ainda, é um desafio", completa.
Segundo Ana Paula Ribeiro, o modelo de avaliações em larga escala com aplicações censitárias leva os resultados a ser socializados mais rapidamente e de forma mais inteligível aos professores e gestores. "Assim, a comunicação é mais efetiva e o uso dos resultados é orientado para a dimensão pedagógica, o que é um importante diferencial em relação aos modelos amostrais", afirma.
Os primeiros instrumentos de avaliação da alfabetização no Brasil são do final dos anos 1980, lembra João Luiz Horta Neto, pesquisador do Inep. As primeiras aplicações de pesquisas no âmbito nacional, desenvolvidas pela Fundação Carlos Chagas, foram em 1988. Segundo Horta, a preocupação naquela época era identificar se estava acontecendo algum problema na alfabetização e, caso estivesse ocorrendo, verificar como o sistema educacional   poderia atuar junto à formação de professores - tanto na inicial quanto na continuada. "As avaliações não tinham por objetivo classificar escola ou premiar professor, e também não se comentava que havia uma idade certa para a criança estar alfabetizada. Hoje a ênfase é totalmente diferente", diz.
Para Sandra Zákia Sousa, professora da Faculdade de Educação da USP, a iniciativa de criar a ANA faz parte da crença de que provas externas e em larga escala têm potencial de ser um meio indutor de qualidade do ensino e da aprendizagem. "Além de não ser possível fazer essa associação direta - haja vista os persistentes dados de fracasso escolar, apesar da instituição do Saeb há mais de duas décadas - vale comentar possíveis desserviços desta iniciativa nos anos iniciais da escolarização", afirma. Sandra tem divulgado em seus trabalhos que a concepção de avaliação cujo foco seja o desempenho em testes desloca a discussão, indesejadamente, da qualidade do ensino do âmbito político e público para o âmbito técnico e individual. "Isso tende a ativar mecanismos que estimulam a competição entre escolas e redes de ensino", aponta.
Logística da prova preocupa
De acordo com informação publicada no Diário Oficial da União, a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) será realizada entre os dias 11 e 21 de novembro deste ano. O Inep, entretanto, não divulgou os valores de custo da avaliação e, segundo o Instituto, ainda estão sendo definidos os requisitos para a contratação da empresa que vai aplicar a prova. Segundo informação do blog Educação e Pesquisa, escrito por Beatriz Rey no site da revista Educação, alguns técnicos do Inep apontaram a necessidade de dedicar mais tempo para a elaboração das matrizes de referência da ANA, além da preparação dos itens e questionários socioeconômicos e da etapa de pré-teste. Também alertaram sobre possíveis dificuldades logísticas, sobretudo para que as empresas que forem contratadas encaminhem em tempo o material para a análise do Instituto.

Avaliações estaduais
Além dos testes em nível nacional para a alfabetização - Provinha Brasil e, agora, a ANA -, alguns estados aplicam suas próprias avaliações na rede pública. Ana Paula Ribeiro, professora adjunta da Universidade Federal do Ceará (UFC), cita como exemplo os Estados do Piauí e da Bahia, além do próprio Ceará, considerado o "berço" do programa federal de alfabetização na idade certa. Em 2008, o Piauí criou o Programa Palavra de Criança - baseado nos resultados da Provinha Brasil - para ter seu próprio modelo de uso dos resultados da avaliação. Em 2011, a Bahia firmou o Pacto Todos pela Escola que, entre outras ações, avalia os alunos do 2º ano do ensino fundamental com a Provinha Brasil - aplicando e consolidando os dados com uma equipe externa à escola. Minas Gerais foi pioneira, no âmbito estadual, ao utilizar avaliações para a alfabetização, já no final dos anos 1980. Hoje, conta com o Proalfa - um programa similar à ANA em relação ao formato e periodicidade da prova: anual, censitária, aplicada para os alunos do 3o ano. E São Paulo, que também conta com seu próprio mecanismo de avaliação da alfabetização - o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) - abaixou no último mês de julho sua meta de "idade certa" para alfabetização de 8 para 7 anos. Com isso, os estudantes da rede pública paulista do 2o ano também serão submetidos pela primeira vez à avaliação do Saresp no final deste ano letivo. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não informou qual será o critério para considerar os alunos de 7 anos alfabetizados.

CRÔNICA:

Qualidades do Professor


Ilustração: Laurabeatriz
Se há uma criatura que tenha necessidade de formar e manter constantemente firme uma personalidade segura e complexa, essa é o professor.

Destinado a pôr-se em contato com a infância e a adolescência, nas suas mais várias e incoerentes modalidades, tendo de compreender as inquietações da criança e do jovem, para bem os orientar e satisfazer sua vida, deve ser também um contínuo aperfeiçoamento, uma concentração permanente de energias que sirvam de base e assegurem a sua possibilidade, variando sobre si mesmo, chegar a apreender cada fenômeno circunstante, conciliando todos os desacordos aparentes, todas as variações humanas nessa visão total indispensável aos educadores.

É, certamente, uma grande obra chegar a consolidar-se numa personalidade assim. Ser ao mesmo tempo um resultado — como todos somos — da época, do meio, da família, com características próprias, enérgicas, pessoais, e poder ser o que é cada aluno, descer à sua alma, feita de mil complexidades, também, para se poder pôr em contato com ela, e estimular-lhe o poder vital e a capacidade de evolução.

E ter o coração para se emocionar diante de cada temperamento.

E ter imaginação para sugerir.

E ter conhecimentos para enriquecer os caminhos transitados.

E saber ir e vir em redor desse mistério que existe em cada criatura, fornecendo-lhe cores luminosas para se definir, vibratilidades ardentes para se manifestar, força profunda para se erguer até o máximo, sem vacilações nem perigos. Saber ser poeta para inspirar. Quando a mocidade procura um rumo para a sua vida, leva consigo, no mais íntimo do peito, um exemplo guardado, que lhe serve de ideal.

Quantas vezes, entre esse ideal e o professor, se abrem enormes precipícios, de onde se originam os mais tristes desenganos e as dúvidas mais dolorosas!

Como seria admirável se o professor pudesse ser tão perfeito que constituísse, ele mesmo, o exemplo amado de seus alunos!

E, depois de ter vivido diante dos seus olhos, dirigindo uma classe, pudesse morar para sempre na sua vida, orientando-a e fortalecendo-a com a inesgotável fecundidade da sua recordação.

Texto de Cecília Meireles, extraído do livro Crônicas de Educação 3
Ilustrado por Laurabeatriz
 

CRÔNICA: EDUCAÇÃO
Ilustração: Cris e Jean
Foi nos anos finais da década de 40. (Há tanto tempo!) Meu primogênito Ricardo completara 6 anos de idade, e resolvemos matriculá-lo no primeiro ano primário da Escola Americana, do já então tradicional Mackenzie College, que ficava a três quadras da nossa casa. E Ricardinho, que era uma criança tímida e um tanto ensimesmada, não gostou nem um pouco da experiência de ficar "abandonado" num lugar estranho, no meio de gente desconhecida — uma coisa para ele muito assustadora. E não houve jeito de fazê- lo aceitar tão insólita situação. Ele se recusava até mesmo a entrar na sala: ficava na porta, "fincava o pé", sem chorar mas também sem ceder... Eu já estava a ponto de desistir da empreitada, quando a professora da classe, dona Nicota, se levantou e veio falar conosco. E todo o jeito dela, a maneira como ela olhou para o Ricardinho, o timbre e o tom da sua voz, a expressão do seu rosto e até a sua figurinha baixinha, meio rechonchuda, não jovem demais, muito simples e despojada, causaram imediatamente uma sensível impressão no menino. A tensão sumiu do seu rostinho, seu corpo relaxou, e - ora vejam! - ele respondeu com um sorriso ao sorriso da dona Nicota! 
- Vem ficar aqui comigo - ela disse. - Você vai gostar. - E acrescentou, para minha surpresa, - Eu mesma vou levar você para a sua casa. E amanhã cedo, eu mesma vou buscar você, para vir à escola comigo. 

Eu não sabia como agradecer. E nem foi preciso — o que dona Nicota disse, ela cumpriu. E durante vários dias, até semanas, ela passou pela nossa casa, pouco antes do início das aulas, e levou o Ricardinho pela mão, a pé, até a escola e a sua sala. E o trouxe de volta, da mesma maneira. E até quando, certo dia, o menino estava adoentado e não pôde ir à escola, ela voltou para lhe dar uma "aula particular", em casa — para ele não se atrasar no programa. Tudo isso na maior simplicidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo... 
O Ricardinho adorava a dona Nicota - e não era para menos. Dona Nicota era a mais perfeita e linda encarnação da "professora primária" ideal - a mais nobre e fundamental das profissões: a de ser a primeira a preparar uma criança pequena nas suas primeiras incursões na vida real - com competência, dedicação, compreensão, paciência e carinho. E a consciência plena de estar dando à criança uma verdadeira base para o futuro cidadão.
Por que estou contando tudo isso a vocês, hoje? Porque, no Dia do Professor, eu senti que não poderia prestar maior homenagem a todos os "mestres-escolas" do Brasil do que incluí-los nesta "crônica-tributo" a dona Nicota, exemplo e paradigma de uma modesta e maravilhosa professora "montessoriana" e um grande ser humano.

Ricardo saiu de sob a asa de dona Nicota lendo e escrevendo. E hoje, jornalista, tradutor e escritor, esse avô de três netos continua se lembrando de dona Nicota, com carinho e gratidão.

Essa dona Nicota que a estas horas deve estar dando aulas montessorianas aos anjinhos do céu.
Crônica de Tatiana Belinky, ilustrada por Cris e Jean

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

PROPOSTA DA SALA DE APOIO PARA ALUNOS COM DIFICULDADES EM LER E INTERPRETAR GRÁFICOS
Objetivos
Interpretar e transmitir informações por meio de gráficos e tabelas; utilizando a escala para dar precisão

Conteúdo
Gráficos de barras e tabelas

Tempo estimado
Três  encontros

Material necessário

Jornais e revistas em que apareçam diferentes tipos de gráfico, papel quadriculado, régua, lista de exercício.

Desenvolvimento

1ª etapa
Proponha à turma uma pesquisa sobre gráficos em jornais e revistas. Divida os alunos em grupos de quatro e distribua, para cada um, materiais que contenham vários tipos de gráfico - barras, linhas, pizza etc. Certifique-se que os gráficos escolhidos tratem de temas que os alunos tem familiaridade - número de alunos na escola, dados sobre desmatamento, população etc. Coloque no quadro algumas perguntas:

- Que tipo de informação cada gráfico apresenta?
- Qual deles vocês julgam mais fácil de ler? Por quê?
2ª etapa

  • Selecionar alguns gráficos de barras para uma análise detalhada. Procure representações que tragam diferentes escalas e intervalos - um gráfico pode ter uma escala de zero a dez e marcações de dois e dois, outro pode variar de zero a cem, com intervalos de dez em dez, e assim por diante.
  • Começar perguntando aos alunos quais são as principais informações apresentadas. O que mostra cada gráfico? Do que se trata?
3ª etapa

  • Propor aos alunos para que registrem suas preferências em papel e as coloquem em  uma caixa ;
  •  Cada caixa terá um temática e uma lista de opções: frutas (morango, banana, abacaxi, mamão, laranja ou maçã), cor (branco, preto, amarelo, vermelho, azul ou verde) e animal (cachorro, gato, coelho, cavalo, onça ou tucano);
  • Dividir os alunos em três grupos de quatro e distribuir uma caixa para cada grupo para que os mesmos possam analisar as informações;
  • Pedir para que cada construam um gráfico de barras e uma tabela que representem as informações analisadas e socializem com os colegas.
Para isso, Mostre a eles que, em primeiro lugar, é preciso traçar os eixos X e Y no papel quadriculado com a ajuda da régua. Em seguida, cada grupo deve definir a escala e os intervalos que lhes parecerem mais eficientes para apresentar os dados. É provável que surjam opções diferentes, o que irá enriquecer a discussão dos resultado.

4º etapa
Propor uma lista de exercícios para serem resolvidos em dupla e corrigidas coletivamente.


Avaliação 
A avaliação acontecerá de forma sistemática e contínua através observações individuais durante o desenvolvimento das atividades.